domingo, 27 de março de 2011

Biomas Brasileiros - Cerrado

O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro. Já ocupou 25% do território brasileiro, fato que lhe dá a condição de segunda maior cobertura vegetal do país, superada somente pela Floresta Amazônica. No entanto, com o passar dos anos grande parte do Cerrado já foi destruída, principalmente para a instalação de cidades e plantações, o que o torna um bioma muito mais ameaçado do que a Amazônia.
Localiza-se principalmente na região central do país, compreendendo parte dos Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Maranhão, Minas Gerais, Bahia, Piauí e São Paulo, além do Distrito Federal. Existem também pequenas áreas em outros locais, chamadas periféricas ou ecótonos, que são transições com os biomas Amazônia, Mata Atlântica e Caatinga.
É reconhecido como a segunda savana mais rica do mundo em biodiversidade (a primeira é a savana africana que tem 10.750 espécies de plantas; 205 espécies de mamíferos; 741 espécies de aves; 151 espécies de répteis; 163 de anfíbios, e é a maior formação savânica e o terceiro maior bioma do mundo com área de 8.246.082 Km²). O Cerrado brasileiro apresenta riquíssima flora com mais de 10.000 espécies de plantas, com 4.400 endêmicas (exclusivas) dessa área. A fauna apresenta 837 espécies de aves; 67 gêneros de mamíferos, abrangendo 161 espécies e dezenove endêmicas; 150 espécies de anfíbios, das quais 45 endêmicas; 120 espécies de répteis, das quais 45 endêmicas; 1000 espécies de borboletas e 500 espécies de abelhas e vespas.
A vegetação do Cerrado se encontra em uma região onde o clima que predomina é o tropical e apresenta duas estações bem definidas: uma chuvosa, entre outubro e abril; e outra seca, entre maio e setembro.
É constituída por espécies do tipo tropófilas (vegetais que se adaptam às duas estações distintas), além disso, são caducifólias (que caem as folhas no período de estiagem) com raízes profundas. A típica vegetação que ocorre no Cerrado possui troncos tortuosos, de baixo porte, ramos retorcidos, cascas espessas e folhas grossas.
Apesar dessa definição generalizada, o cerrado é constituído por várias características de vegetação, sendo classificado em subsistemas: o cerradão, o cerrado típico, o campo cerrado, o campo sujo de cerrado e o campo limpo, que apresentam altura e biomassa vegetal em ordem decrescente, além de matas, de matas ciliares e de veredas e ambientes alagadiços. O cerradão é a única formação florestal.
Entre as espécies vegetais que caracterizam o Cerrado estão o barbatimão, o pau-santo, a gabiroba, o pequizeiro, o araçá, a sucupira, o pau-terra, a catuaba e o indaiá. Debaixo dessas árvores crescem diferentes tipos de capim, como o capim-flecha, que pode atingir uma altura de 2,5m. Onde corre um rio ou córrego, encontram-se as matas ciliares, ou matas de galeria, que são densas florestas estreitas, de árvores maiores, que margeiam os cursos d’água. Nos brejos, próximos às nascentes de água, o buriti domina a paisagem e forma as veredas de buriti.
Os Cerrados apresentam relevos variados, embora predominem os amplos planaltos. Metade do Cerrado situa-se entre 300 e 600m acima do nível do mar, e apenas 5,5% atingem uma altitude acima de 900m. Os pontos mais elevados do Cerrado estão na cadeia que passa por Goiás em direção sudeste-nordeste. O Pico Alto da Serra do Pireneus, com 1.385 metros de altitude, a Chapada dos Veadeiros, com 1.250 metros e outros pontos com elevação consideradas que se estendem em direção noroeste; a Serra do Jerônimo e outras serras menores, com altitudes entre 500 e 800 metros.
Outra formação é constituída por aflorações e rochas calcárias, com fendas, grutas e cavernas em diferentes tamanhos. Por cima das rochas há uma vegetação silvestre.
Os solos apresentam-se intemperizados, devido à alta lixiviação e possuem baixa fertilidade natural. Apresenta pH ácido, variando de 4,3 a 6,2. Possui elevado conteúdo de alumínio, baixa disponibilidade de nutrientes, como fósforo, cálcio, magnésio, potássio, matéria orgânica, zinco, argila, compondo-se de caulinita, goetita e gibsita. O solo é bem drenado, profundo e com camadas de húmus e esconde um grande manancial de água, que alimenta seus rios.
Nos chapadões arenosos e nos quentes campos rupestres estão os mais exuberantes e exóticos cactos, bromélias e orquídeas, contando com centenas de espécies endêmicas. E ainda existem espécies desconhecidas, que devido à ação do homem podem ser destruídas antes mesmo de serem catalogadas.
A presença de três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata) na região favorece sua biodiversidade .
Essa riqueza biológica, porém, é seriamente afetada pela caça e pelo comércio ilegal. O cerrado é o sistema ambiental brasileiro que mais sofreu alteração com a ocupação humana. Atualmente, vivem ali cerca de 20 milhões de pessoas. Essa população é majoritariamente urbana e enfrenta problemas como desemprego, falta de habitação e poluição, entre outros. A atividade garimpeira, por exemplo, intensa na região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu assoreamento. A mineração favoreceu o desgaste e a erosão dos solos. Na economia, também se destaca a agricultura mecanizada de soja, milho e algodão, que começa a se expandir principalmente a partir da década de 80. Nos últimos 30 anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerrado. Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas.
A partir de 1990, governos e diversos setores organizados da sociedade debatem como conservar o que restou do Cerrado, com a finalidade de buscar tecnologias embasadas no uso adequado dos recursos hídricos, na extração de produtos vegetais nativos, nos criadouros de animais silvestres, no ecoturismo e outras iniciativas que possibilitem um modelo de desenvolvimento sustentável e justo.
As unidades de conservação federais no Cerrado compreendem: dez Parques Nacionais, três Estações Ecológicas e seis Áreas de Proteção Ambiental.

Texto adaptado de:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cerrado
http://www.portalbrasil.net/cerrado_tipos.htm
http://www.ibama.gov.br/ecossistemas/cerrado.htm
http://www.brasilescola.com/brasil/cerrado.htm

Mapa dos biomas do Brasil


Mapa do Cerrado

Gruta de formação calcária - Chapada dos Guimarães - MT

Lavoura de algodão - Chapada dos Guimarães - MT

Ipê - árvore típica do Cerrado

Os buritis e suas veredas - Jalapão - TO

O cerrado no Jalapão - TO

Detalhe da casca das árvores - Buraco das Araras - Jardim - MS

Centro Geodésico da América do Sul - Chapada dos Guimarães - MT

Vegetação seca e queimada - Jalapão - TO

Eu conheci o Cerrado em 2008, quando viajei de férias para, entre outros locais, Jardim e Bonito no Mato Grosso do Sul e Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. Fiquei encantada com a riqueza de sua vegetação e com o poder de "ressurgir das cinzas" após suas típicas e sofridas queimadas anuais (muitas e na maioria delas, criminosas). Em 2010, retornei ao Cerrado, quando estive no Parque Estadual do Jalapão, no Tocantins. Pude vivenciar a tristeza real das queimadas e também, apesar disso, desfrutar do melhor que esse bioma tão amado por mim oferece (mas isso é assunto para outro post). O que quero salientar aqui, é que o Cerrado é, sem dúvida, um bioma esquecido pela população e pelas autoridades governamentais. Fala-se muito em preservação da Amazônia enquanto devastam-se milhares de hectares de Cerrado para serem usados na agricultura. Quem sobrevoa os estados compreendidos pelo Cerrado sabe do que estou falando. Deixo aqui o meu apelo para que este bioma seja mais lembrado e cuidado, pois sua biodiversidade é tão rica que, se for bem usada, pode render tanto quanto o agronegócio, mas de forma sustentável.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...