
O amor... Ah, o amor...
O amor quebra barreiras, une facções,
destrói preconceitos,
cura doenças...
Não há vida decente sem amor!
E é certo, quem ama, é muito amado.
E vive a vida mais alegremente...
Artur da Távola
O amor... Ah, o amor...
O amor quebra barreiras, une facções,
destrói preconceitos,
cura doenças...
Não há vida decente sem amor!
E é certo, quem ama, é muito amado.
E vive a vida mais alegremente...
Artur da Távola
Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.
O cacto tem espinho, adapta-se à solidão de um lugar seco, sem chuva por longos períodos. Mas, mesmo assim, reserva água para se manter vivo.
Todos os cactos florescem. Todos. Alguns só dão flores na fase adulta, quando já estão com cerca de 80 anos.
A flor do cacto nasce uma vez, em alguma noite entre setembro e outubro.
O dia do seu nascimento começa pela manhã, quando o broto encontra-se pela primeira vez totalmente desenvolvido e fora do tronco que o abriga durante meses.
Sua sublime e delicada aparência denuncia sua fragilidade: a flor do cacto abre-se e vive todo seu esplendor sob a luz da Lua. Ela não resiste aos raios solares, falecendo antes do entardecer de seu único dia de vida.
Seja como a flor do cacto: viva intensamente cada dia de sua vida, como se fosse o único e último.
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinícius de Moraes
“Nasci no Rio de Janeiro, em 1950, e me criei entre o mar e a floresta atlântica. Minhas primeiras descobertas da natureza- as incursões que fazia pelas encostas dos morros próximos à minha casa e brincadeiras no mar e nas areias da praia de Copacabana - exerceram uma profunda influência na minha vida e no meu trabalho. Como as tartarugas marinhas, guardamos as experiências da infância no recôndito mais profundo da mente e desejamos voltar a elas na idade adulta. A fotografia de natureza me dá a oportunidade de recapturar as imagens da infância e, quando me perguntam por que escolhi este trabalho, a resposta vem com muita clareza: caminhar nas florestas e nos campos é, para mim, uma necessidade vital- eu preciso fazer isso.
Quando, sorrateiramente, sigo quase sem poder respirar, os macacos, os tucanos ou as pequenas aves nas matas, naquele momento entro em contato com o essencial significado da vida. Isso realimenta o meu espírito e dá sentido à minha existência. É natural que, já adulto, direcionei esta necessidade para o trabalho, visando a própria sobrevivência. Tenho, também, plena consciência de que o meu amor à natureza transparece em cada uma de minhas fotos, tornando o meu trabalho missionário na luta pela conservação da natureza e sobrevivência dos seres que tanto amo e respeito.
O trabalho de Ernst Haas, Eliot Porter e Eric Hosking tiveram a mais forte influência visual sobre mim. Admiro estes fotógrafos como grandes criadores e desbravadores de técnicas e conceitos de fotografia de natureza. Mas, a experiência, mesmo para um fotógrafo, não é apenas visual. A poesia japonesa do haicai, a poesia do indiano Rabindranath Tagore, as obras de Guimarães Rosa e Thiago de Mello "descrevendo" os cerrados e a floresta amazônica, o livro "Walden" de Henry David Thoreau e a música de Debussy e de Villa-Lobos (em especial a Bachiana nº4 e A Floresta do Amazonas) são algumas fortes influências que colaboraram para compor as emoções e sensações que formam o meu "repertório".
Minhas primeiras fotos, com uma câmara totalmente manual do meu pai, foram cenas da cidade e gente nas ruas, com inspiração em Henri Cartier-Bresson. Quando deixei o curso de Economia e, mais tarde o de Filosofia, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, para me dedicar apenas ao que eu gostava de fazer, experimentei algumas cenas no campo e nas florestas. No entanto, a profissionalização levou-me, durante algum tempo, à fotografia comercial de produtos. Felizmente, um trabalho encomendado pela Editora José Olympio- onde minha esposa trabalhava-, levou-me ao Pantanal de Mato Grosso em 1975. Lá, então, a realidade se revelou aos meus olhos! Sobrevoando as planícies inundadase observando tuiuiús, cabeças-secas, garças, cervos e capivaras fugindo à aproximação do avião, percebi que precisava continuar trabalhando assim pelo resto da vida.
No início dos anos 80, conheci o biólogo José Márcio Ayres que estudava a ecologia de primatas amazônicos efui visitar sua área de estudos no lago Mamirauá para fotografar o uacari-branco. Desta amizade resultou uma longa colaboração, que dura até hoje. Juntos, propusemos ao Governo Brasileiro, em 1985, a criação da Reserva Mamirauá que, finalmente foi decretada em 1990. Desde então, trabalho como fotógrafo na reserva e, agora também na recém-criada Reserva Amanã. Em 1990 organizei com uma equipe de ornitólogos uma expedição para localizar a quase-extinta ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) no sertão do nordeste brasileiro. Achamos apenas um indivíduo na natureza. A única tentativa de introduzir outra ararinha na região (esta criada em cativeiro) não foi bem sucedida e até hoje o exemplar macho, livre, espera uma companheira.
O Brasil é um país de grande diversidade biológica e abriga quase a terça parte de todas as florestas tropicais remanescentes na Terra. Estes fatos, de tão grande importância, são pouco compreendidos por muitos órgãos do Governo e ainda menos pela população brasileira. Por isso, acho que a função social do meu trabalho é chamar a atenção da opinião pública para a nossa tremenda riqueza de formas de vida, com toda a sua beleza, produzindo um conhecimento mais amplo e profundo de nossos ecossistemas, plantas e animais.
Só salvaremos nossa biodiversidade quando pudermos compreendê-la melhor. Acredito que quando um sentimento de cuidado e respeito pela natureza conquistar a sociedade brasileira - e isto só se dará pela educação - aí poderemos ter certeza de que nossa flora e fauna serão preservadas para as gerações futuras. Eu amo a natureza e ganho a vida trabalhando na natureza, da mesma maneira que o homem primitivo fazia no passado e, por isso me sinto profundamente comprometido com sua conservação.
Acredito que a qualidade e a beleza das fotografias são essenciais para atrair o olhar das pessoas e conquistar seus corações, aumentando assim o número daqueles que defendem a natureza. Espero que o meu trabalho transmita a mesma alegria e emoção que sinto nos ambientes selvagens e que as minhas fotografias não se transformem apenas em mais um documento do passado.”
Veja mais em http://www.lcmarigo.com.br/home.htm
Fica registrada aqui a minha homenagem a este grande fotógrafo, a esta grande pessoa!
Ps.: Para mim, a foto da borboleta e do jacaré expressa a essência da natureza, o perfeito equilíbrio. É uma das, senão a mais, bela foto de animais que já vi.